quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Comprovada presença de anticorpos contra o rotavírus no leite materno

Estudo inédito foi desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP)
em parceria com o Instituto Butantã

É extensa a lista dos benefícios à saúde proporcionados pela amamentação
o leite materno é rico em nutrientes, vitaminas e agentes imunológicos e
contribui para o desenvolvimento intelectual, psíquico e emocional do
bebê. A prática é tão importante que o Ministério da Saúde preconiza o
aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e a manutenção
da amamentação até os dois anos de idade. Confirmando a importância da
amamentação para a formação do sistema imunológico dos bebês, estudo
desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o
Instituto Butantã identificou a presença de anticorpos contra o
rotavírus no leite humano. Os resultados inéditos serão apresentados no
5º Congresso Brasileiro / 1º Congresso Iberoamericano de Bancos de Leite
Humano, que ocorrerá de 28 a 30 de setembro, em Brasília.

"

A análise do leite humano de mulheres não vacinadas contra o rotavírus
identificou a presença de anticorpos no leite materno que podem proteger
os bebês contra as doenças diarréicas provocadas pelo vírus" , resume a
pediatra Virgínia Spinola Quintal, coordenadora do Banco de Leite Humano
do Hospital Universitário da USP. Virgínia informa que o sorotipo do
vírus estudado o rotavírus g9p é um dos sorotipos presentes na atual
vacina disponibilizada pelo Ministério da Saúde e tem prevalência
emergente no Brasil.

A quantificação dos níveis de anticorpos presentes no leite humano
mostrou que a concentração de agentes imunoprotetores contra o rotavírus
varia de mãe para mãe aspecto que ainda será esclarecido pelos
pesquisadores. Virgínia explica que, como as mulheres têm concentrações
diferentes de anticorpos, não é possível assegurar que, em todos os
casos, a mãe transmitirá quantidade suficiente de anticorpos para
proteger a criança. Por isso, a vacinação deve permanecer.

"O estudo sugere uma avaliação mais profunda do efeito protetor do
aleitamento materno sobre a infecção pelo rotavírus, considerando a
possibilidade de interferência da amamentação na resposta da criança à
vacina. Os resultados desta investigação podem colaborar para a revisão
da atual estratégia de vacinação contra o rotavírus" , a pesquisadora
apresenta.

Atualmente, a vacina contra o rotavírus é administrada por via oral em
duas doses, aos dois e aos quatro meses de vida. Não há associação com a
amamentação porque o efeito protetor do leite humano contra o rotavírus
ainda não era conhecido. "É preciso entender como os anticorpos do leite
humano e os componentes da vacina interagem, para verificar se a
proteção transmitida pela mãe pode neutralizar o efeito da vacina. O
objetivo é propor novas estratégias de imunização contra o rotavírus,
combinando amamentação e vacinação" , Virgínia adianta.

Os resultados comprovam a eficácia do aleitamento materno como
estratégia para a redução da mortalidade infantil uma das metas dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Organização das
Nações Unidas (ONU). As doenças diarréicas estão entre as principais
causas de óbito entre crianças menores de cinco anos e a amamentação é
internacionalmente reconhecida como estratégia eficaz para redução do
problema.

O 5º Congresso Brasileiro / 1º Congresso Iberoamericano de Bancos de
Leite Humano reunirá em Brasília representantes dos 23 países que
compõem o Programa Iberoamericano da Bancos de Leite Humano (IberBLH),
coordenado pela Fiocruz. O Brasil é pioneiro na área e concentra, em
todo o país, 200 bancos de leite humano, que compõem a Rede Brasileira
de Bancos de Leite Humano (RedeBLH). O impacto da iniciativa sobre a
saúde pública é tão significativo que, em 2001, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) reconheceu a RedeBLH como a ação que mais contribuiu para a
redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990.

http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/11516/saude-publica/comprovada-presenca-de-anticorpos-contra-o-rotavirus-no-leite-materno

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